Foi Carlos Castro quem se aproximou no
Facebook do jovem que o haveria de matar - e que, pouco antes do crime,
telefonou à mãe a pedir ajuda.
A 9 de Outubro, ao contrário das versões que alguns amigos de Carlos Castro
contaram, é o cronista que, via Facebook, envia uma mensagem ao jovem. Queria
conhecê-lo e o outro aceita o pedido de amizade. Castro responde na hora: «Olá Renato, muito grato e um abraço». Horas depois, retoma o contacto e
incentiva-o: «Já sabes, vai falando. Abraços». No dia seguinte, é
Renato quem lhe pede conselhos: «Olá!! Gostava de
falar consigo em relação ao mundo da moda que é novo para mim!! Sendo uma
pessoa com experiência quais são as dicas que me dá para vir a crescer nesse
mundo?».
Meia hora depois, Carlos Castro responde: «Vou ao Porto, ao Portugal Fashion, estás por perto? Acho-te giro e és
altíssimo, falamos se quiseres. Um abraço amigo». Nessa madrugada,
Renato, revela-lhe a desilusão que o chumbo lhe provocara nos sonhos: «Eu fui ao casting para o Portugal Fashion mas acho que não fiquei!!
Gostava muito de falar consigo mas não sei se vou ter hipóteses de ir!!
Obrigado pelos elogios mas também não sou assim tão alto!».
Mas Castro sabe ir ao encontro do desânimo de Renato e lança a nódoa para o
mundo da moda: «Pois, por vezes há amiguinhos, é uma
chatice nas modas. Vou ao Porto, não sei se tens hipóteses de lá estar, fico no
Sheraton. Diz alguma coisa».
Renato, que sempre fora de falas abertas com a mãe, conta-lhe. Entre a
família que não é atada a preconceitos, Renato mostra-se receoso. Joana recorda
os temores do irmão: «Pensava que Carlos Castro podia achar
que ele também era homossexual, mas nós não vimos nisso qualquer problema, até
pela idade do senhor [65 anos]. E foi a minha mãe, que sempre achou o
meu irmão muito fotogénico, quem o levou de carro e o esperou enquanto eles
falavam no hotel onde ele estava hospedado».
À família, o jovem fez o resumo do encontro: «Disse-nos que ele se tinha oferecido para ser uma espécie de agente e que
lhe podia arranjar desfiles pelo mundo fora. O meu irmão disse-lhe que tinha um
contrato de exclusividade com a Fátima Lopes, mas ele respondeu que não havia
problema, que era amigo e tratava disso com ela», relembra a irmã.
As promessas que Carlos Castro terá feito deixam a estilista
espantada: «Nem sabia que ele conhecia o Carlos
Castro, nem percebo como ele o ia ajudar. Quem ajuda os manequins são as
agências. Aliás, o Renato deixou de aparecer na agência, achávamos que era
porque estava a acabar o curso. Faltou a muitos castings, parecia
não estar interessado na carreira».
Diogo e a irmã de Renato tentam agora apanhar todos os fios para
desvendarem o que terá acontecido entre o modelo e o cronista. A visita ao
Facebook do jovem deixa-os em desnorte.